‘Crise’ é a palavra da moda nos meios sociais, empresariais e pessoais. “Não posso investir agora por conta da crise”, “a crise é a culpada pela recessão, pelo enxugamento dos gastos, disso, daquilo e de quase tudo”. Essas frases tem permeado as conversas, reuniões de trabalho e as redes sociais nos últimos 18 meses no Brasil. Então me deparo com o seguinte questionamento: toda esta energia que tem sido gasta para citar e reclamar da crise não deveria ser direcionada para uma solução da mesma? Haja visto que o ser humano tem uma incrível capacidade de absorver informação e transforma-la em resultados, sejam positivos ou negativos, parece que há um dispêndio exacerbado de tempo e cólera na direção inversa ao movimento vertical.
Sim, ela existe
Verdade seja dita, a crise existe e afeta a cada setor e a cada empreendimento pessoal ou profissional de maneira diferente. Mas o pensamento que proponho é se vale a pena lançar mão de tanta força pessoal no intuito de criticar o momento pelo qual passamos e maximizar o potencial destrutivo que a situação econômica possa ter sobre nossas vidas. O filósofo prussiano Immanuel Kant dizia que “toda mudança para melhor depende exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço”. Será que nosso esforço está centralizado no problema ou em sua solução? Se faltam vagas de emprego, estamos nos dedicando em nos aprimorar para sermos mais competitivos, ou apenas em reivindicar as mesmas posições de outrora, com as mesmas qualificações que já tínhamos antes da citada crise? Penso que cabe a cada um exercitar a capacidade de transformação e adaptação, gerando em si o elemento de renovação e positivismo que é inerente aos vencedores, buscando em seu redor meios de melhorar sua capacitação e condições de empreender.
Nesse ponto, convido o leitor a escolher a definição da palavra empreender que melhor lhe convier, afinal todos já empreendemos alguma vez na vida, seja no empenho de ser aprovado em uma prova, na criação de uma ideia inovadora para sair de uma situação inusitada ou no conceito formal do verbo empreender encontrada no famoso dicionário Aurélio: “decidir realizar (tarefa difícil e trabalhosa)”. É sim, difícil e trabalhoso empreender dentro de nós. Precisamos renovar nossos conceitos, entender que as mudanças são inevitáveis e constantes. É salutar aceitar as nuances, derrubar nossas certezas absolutas e não nos deixarmos condicionar ao aprendizado anterior, pois um novo virá a cada dia acrescentando algo. O conhecimento, caros, não ocupa espaço, portanto, acumulemos leituras, cursos, novidades, sonhos e fome incessante de crescimento. Tudo que sabemos nos forma e nos reforma dia a dia, remolda nossa natureza , redirecionando nossas possibilidades, abrindo horizontes antes desconhecidos. Temos dentro de cada um a chama da criatividade e, quem nunca a exercitou, ocupe-se em faze-lo agora mesmo. Nunca é tarde. E repito: nunca é tarde.
Leandro Moleiro